domingo, 20 de dezembro de 2009

Natal

Tenho saudades do Natal... Tenho saudades de viver o Natal da minha criancice, onde a ansiedade começava a vibrar nos primeiros dias de Dezembro, na expectativa de abrir todos aqueles presentes, que apareciam "milagrosamente", junto dos sapatinhos que se encontravam estrategicamente colocados junto ao pinheiro de Natal.
Todos os anos, no dia 24 de Dezembro, o ritual era o mesmo. De manhã, Mãe, Tia e Avó, iniciavam as tarefas "gastronómicas" que iam desde preparar as couves, batatas e o bacalhau para o jantar da consoada, preparar o cabrito para a ceia, a massa para as filhoses e azevias (cujo recheio tinha sido feito na véspera pela Avó, que contava com a ajuda do Avô que previamente, e com a sua imensa paciência, retirara a pele ao grão demolhado). Não faltava o "Bolo Rei" da Tia, bem como o pão-de-ló comprado numa das melhores pastelarias do Porto (este com a recomendação que só se podia "partir" com a mão e nunca com uma faca de metal...).

Durante o dia, a Mãe decorava a mesa, colocando as tacinhas com as frutas cristalizadas e os frutos secos...e que sucessivamente eram reabastecidas, pois somos como que uma família de esquilos, sempre a mordiscar.

Entretando, o Avô ia acalmando o nervosismo da neta mais nova, que constantemente o abordava, na esperança (muitas vezes consumada) de saber que novidades a esperava à meia noite.


Depois do jantar em família, a Mãe, Tia e Avó, passavam novamente para a cozinha, onde entre muitas tarefas de lavar e arrumar, seguiam-se novas frituras de filhoses e azevias para a ceia.

Na sala, Pai, Tio e Avô conversavam, enquanto as netas, assistiam ao filme "Música no Coração" (substituído hoje em dia pelo "Sozinho em Casa"), à espera que "os minutos" passassem.

Entre os momentos em que se olhava para a televisão e aqueles em que se fechava a pestana, lá chegava a hora, perto da meia-noite, em que o Avó levava as netas para fora da sala e as entretinha até serem chamadas pelo toque da sineta (que, na sua inocência, acreditavam ser o anunciar da saída do Pai Natal de casa, após ter deixado as prendas junto ao sapatinho).

Na realidade, finalizada a grande azáfama e correria com sacos de prendas estrategicamente escondidos pela casa, e após distribuição das prendas nos sapatinhos respectivos, o Pai tocava a sineta (em forma de anjinho), e as netas "deslizavam" corredor fora até junto das prendas.

Entre o desembrulhar as prendas e os risos de alegria por se ter recebido o que se tinha pedido na carta ao Pai Natal, a boa disposição reinava em cada canto da sala.

Finda a abertura dos presentes, os mais velhos sentavam-se novamente à mesa, enquanto as netas se deliciavam com as novidades do "sapatinho".

Enfim, tempos que passaram e que fazem parte da minha memória saudosista.

A tradição mantém-se na família (...) com algumas mudanças de "actores"...os que eram crianças, são agora Mãe e Tia, os que eram Mãe e Pai, são agora ´também Avó e Avô, o que era Tio é duplamente Tio e a Avó é Bisa.

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