sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Florbela Espanca
(Flor Bela de Alma da Conceição).
A sua vida de trinta e seis anos foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade. (wikipedia)
Por ter chegado aos 36 anos e por me identificar em muita das palavras escritas pela Florbela Espanca, quero partilhar um dos muitos poemas onde me revejo em muitas fases da minha vida:
Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

Nenhum comentário:

Postar um comentário