segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Baleal - Refúgio Solitário


Tive a sorte de um dia ter "ancorado" neste local...


Há muitos anos atrás, quando a minha juventude ainda permitia pequenas escapadelas para fora do seio familiar, quis o destino que eu assumisse para sempre o compromisso de ficar eternamente apaixonada por esta paisagem de inesgotável imensidão e que tem a capacidade de me aconchegar em alturas em que o meu mundo parece estar a desabar.


Apesar de gostar de partilhar este local com todos aqueles que me são próximos (por razões várias...) não consigo deixar de sentir que existe ali um bocadinho que é só meu e que me transmite algo de transcendente que me dá forças para seguir o meu caminho...

domingo, 27 de dezembro de 2009

Trastevere - Como que um conto de fadas

Em Trastevere, na margem oeste do rio Tibre, somos defrontados com a beleza de um dos bairros mais fascinantes de Roma. As pontes que cruzam o Tibre são como que o aperitivo de prenúncio do ambiente melancólico que nos envolve de uma forma sombria, mas ao mesmo tempo apaixonante.

Reza a lenda que foi neste rio que flutuou o cesto que transportava os gêmeos recém-nascidos Rómulo e Remo, condenados à morte pelo rei Amúlio, que temia que os irmãos o destronassem um dia...Parando junto às raízes de uma figueira foram acolhidos por uma loba. Então já adultos, deram origem à magnífica Roma

É um lugar encantador que nos leva a viajar, mais uma vez, pelo nosso imaginário das histórias do Era uma vez...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Florbela Espanca
(Flor Bela de Alma da Conceição).
A sua vida de trinta e seis anos foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade. (wikipedia)
Por ter chegado aos 36 anos e por me identificar em muita das palavras escritas pela Florbela Espanca, quero partilhar um dos muitos poemas onde me revejo em muitas fases da minha vida:
Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Demos uma volta de 360º, ou continuamos na mesma??

"Um povo imbecilizado e resignado,humilde e macambúzio,fatalista e sonâmbulo,burro de carga,besta de nora,aguentando pauladas,sacos de vergonhas,feixes de misérias,sem uma rebelião,um mostrar de dentes,a energia dum coice,pois que nem já com as orelhasé capaz de sacudir as moscas;um povo em catalepsia ambulante,não se lembrando nem donde vem,nem onde está,nem para onde vai;um povo, enfim,que eu adoro,porque sofre e é bom,e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misteriosoda alma nacional,reflexo de astro em silêncio escurode lagoa morta (...) Uma burguesia,cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal,sem palavras,sem vergonha,sem carácter,havendo homensque, honrados (?) na vida íntima,descambam na vida públicaem pantomineiros e sevandijas,capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,da mentira à falsificação,da violência ao roubo,donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral,escândalos monstruosos,absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo,esfregão de cozinha do executivo;este criado de quarto do moderador;e este, finalmente, tornado absolutopela abdicação unânime do país,e exercido ao acaso da herança,pelo primeiro que sai dum ventre- como da roda duma lotaria.A justiça ao arbítrio da Política,torcendo-lhe a varaao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...),sem ideias,sem planos,sem convicções,incapazes (...)vivendo ambos do mesmo utilitarismocéptico e pervertido, análogos nas palavras,idênticos nos actos,iguais um ao outrocomo duas metades do mesmo zero,e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento,de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"
Guerra Junqueiro, in "Pátria", 1896

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Lost in the darkness

Como se consegue explicar a sensação de tantas vezes nos sentirmos perdidos na escuridão?
Vivemos experiências, boas e más, que ficam gravadas na nossa memória para todo o sempre. Umas são recordadas com saudade, outras são como que fantasmas que nos assombram com o objectivo de nos "lembrarem" que a felicidade é um acontecimento pontual e passageiro.

Os anos passam com uma rapidez alucinante, repletos de perdas, "desconquistas" e desilusões, intercalados por alguns breves momentos de alegria.

São os momentos menos bons que nos fazem crescer e envelhecer, pois a sua permanência no tempo é longa enquanto que os bons momentos passam a correr nossa maior vontade é de ver pertencer ao passado é bem maior que os momentos bons, que o nosso desejo é emos que esse tempo não

Continuo a acreditar (?) que estes maus momentos permitem fortalecer capacidades intrínsecas que desconhecíamos possuir, e que nos vão surpreendendo quando somos confrontados com novos desafios.

Espero um dia vir a sentir que as coisas boas também contribuem para um futuro melhor...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Natal

Tenho saudades do Natal... Tenho saudades de viver o Natal da minha criancice, onde a ansiedade começava a vibrar nos primeiros dias de Dezembro, na expectativa de abrir todos aqueles presentes, que apareciam "milagrosamente", junto dos sapatinhos que se encontravam estrategicamente colocados junto ao pinheiro de Natal.
Todos os anos, no dia 24 de Dezembro, o ritual era o mesmo. De manhã, Mãe, Tia e Avó, iniciavam as tarefas "gastronómicas" que iam desde preparar as couves, batatas e o bacalhau para o jantar da consoada, preparar o cabrito para a ceia, a massa para as filhoses e azevias (cujo recheio tinha sido feito na véspera pela Avó, que contava com a ajuda do Avô que previamente, e com a sua imensa paciência, retirara a pele ao grão demolhado). Não faltava o "Bolo Rei" da Tia, bem como o pão-de-ló comprado numa das melhores pastelarias do Porto (este com a recomendação que só se podia "partir" com a mão e nunca com uma faca de metal...).

Durante o dia, a Mãe decorava a mesa, colocando as tacinhas com as frutas cristalizadas e os frutos secos...e que sucessivamente eram reabastecidas, pois somos como que uma família de esquilos, sempre a mordiscar.

Entretando, o Avô ia acalmando o nervosismo da neta mais nova, que constantemente o abordava, na esperança (muitas vezes consumada) de saber que novidades a esperava à meia noite.


Depois do jantar em família, a Mãe, Tia e Avó, passavam novamente para a cozinha, onde entre muitas tarefas de lavar e arrumar, seguiam-se novas frituras de filhoses e azevias para a ceia.

Na sala, Pai, Tio e Avô conversavam, enquanto as netas, assistiam ao filme "Música no Coração" (substituído hoje em dia pelo "Sozinho em Casa"), à espera que "os minutos" passassem.

Entre os momentos em que se olhava para a televisão e aqueles em que se fechava a pestana, lá chegava a hora, perto da meia-noite, em que o Avó levava as netas para fora da sala e as entretinha até serem chamadas pelo toque da sineta (que, na sua inocência, acreditavam ser o anunciar da saída do Pai Natal de casa, após ter deixado as prendas junto ao sapatinho).

Na realidade, finalizada a grande azáfama e correria com sacos de prendas estrategicamente escondidos pela casa, e após distribuição das prendas nos sapatinhos respectivos, o Pai tocava a sineta (em forma de anjinho), e as netas "deslizavam" corredor fora até junto das prendas.

Entre o desembrulhar as prendas e os risos de alegria por se ter recebido o que se tinha pedido na carta ao Pai Natal, a boa disposição reinava em cada canto da sala.

Finda a abertura dos presentes, os mais velhos sentavam-se novamente à mesa, enquanto as netas se deliciavam com as novidades do "sapatinho".

Enfim, tempos que passaram e que fazem parte da minha memória saudosista.

A tradição mantém-se na família (...) com algumas mudanças de "actores"...os que eram crianças, são agora Mãe e Tia, os que eram Mãe e Pai, são agora ´também Avó e Avô, o que era Tio é duplamente Tio e a Avó é Bisa.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Colosseum - Roma


O Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flaviano é simplesmente colossal.
Apesar do seu estado de ruína, não conseguimos deixar de ficar deslumbrados com a sua grandiosidade.
Tentei imaginar os acontecimentos macabros, ditos de diversão para os romanos (??), tendo como palco o tecto (actualmente inexistente) dos calabouços e como plateia cerca de 55 000 espectadores vibrantes.
Como é perigosa a mente humana....

Pantheon - Roma

Numa primeira apreciação, diria que fiquei desiludida quando me apercebi que o monumento com que me deparava era mesmo o Panteão...talvez levasse gravada (erradamente) na minha mente, a imagem retida do filme Anjos e Demónios. Exterior à parte, fascinei-me com o seu interior intimidante e esplenderoso, que me levou a viajar num místico de emoções e de sonhos fantasiosos.
Em suma, valeu a pena...

Leis de Murphy - o que está mal parece estar estar bem, quando de facto está mesmo mal...dahaha

A partir de agora sou fiel seguidora das Leis de Murpy:
If everything seems to be going well, you have obviously overlooked something...

Grande verdade esta.